domingo, 25 de outubro de 2009

Eu não sou vulgar.
Não, não sou. E estou cansada desse corpo.
Quero mais boca, quero mais cordas, quero mais alto
mais alto!
Pq eu sempre tenho que calar quando o que eu mais quero é fazer você entender?
MAIS ALTO!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

e naquele momento único pensei:
"meu deus, a quanto tempo eu não abro essa janela!"
eu to tão desesperada
agarrando qualquer coisa
topo qualquer coisa
só me livre desse tédio!
teatro, música, livros, textos que só sabem me deixar tonta fumando um cigarro
que só me dão vontade de falar com você
de falar pra você

terça-feira, 20 de outubro de 2009

eu to comendo compulsivamente como uma vaca gorda
vendo merda na tv
esperando um telefonema ou um sinal de fumaça
alguém aparecer aqui pra me salvar
mas o mundo parece tão ocupado
e eu tão perdida...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

isso me trouxe aquela lembrança boa de um dia aconchegante no meu quarto
o frio, a meia luz
fui no banheiro e, quando voltei, te vi como um rei
sentado na cama do sofá com meu cão deitado do lado
como se já fosse de casa
como se meu corpo fosse a sua casa
você me tomou nos braços
eu não entendo
eu acho que eu gostaria de uma bebida agora pra ficar fora do ar
mas e se fora do ar
eu olhar demais pra dentro de mim mesma
e me machucar
pois sem ter idéia pra trocar,
não tem o menor sentido
eu não entendo
beber assim a toa.
acho que tudo que eu queria agora é ficar muito bebada
mas talvez seja pq sempre que estou bebada,
estou rodeada de todos
e provavelmente eu queira me sentir rodeada por todos agora
talvez um cigarro...
é que eu sou isso que ninguém vê
que eu tenho vergonha de mostrar
e por isso nunca vão entender
e quem já sabe que diga
me carregue na barriga
por puro prazer
eu sou todo o amor do mundo
essa emoção de orgulho alheio
por ser e estar perto
eu carrego todo o amor do mundo
não, eu não sei apreciar essas coisas
eu não sei apreciar um copo de whisky
eu não tenho dinheiro pra almoçar com você
muito menos ir ao cinema
pra quê essas coisas tão banais?
pq não um passei, uma conversa
pq a gente nao conversa?
pq eu não consigo colocar numa frase tudo isso aqui que eu tenho pra dizer pra você
não, não é nervosismo
é medo do ridículo
esse mesmo ridículo que eu passo quando eu aprecio a merda do copo de whisky
cachaça
cerveja
ridículo!
eu só queria desistir, largar tudo
viajar pro interior, raspar a cabeça e começar uma vida nova
mas eu nem sei nem como começar
eu nao sei como começar aqui,
como saberia fora?
como saberia se eu não tenho nada
e o que eu tinha eu desperdicei quando não tinha a menor necessidade
quando eu tinha de sobra
quando sorrir era o remédio
e agora? agora eu
fico por aí, sendo ridícula, falando coisas ridículas
bebendo ridículamente e gritando embriagada
coisa alguma que a tristeza
o vazio, a depressão
o tédio. a falta, o nada
o nada!
e nada acaba com o nada
eu não sei mais pensar
eu não consigo mais ler
eu não sei conversar
só sei repetir e esquecer
ouvir, chorar
nem chorar
nao mais.
só as vezes, quando me invade a alma e queima nas bochechas
arde nas extremidades do nariz
gasgueta a garganta e vem
a água do mar que transborda dentro de mim
com aparência de suja, de tão salgada
feia