segunda-feira, 12 de abril de 2010

missão pesadelo

"bia, tu num sabe que que essa filha da puta me fez"
"bia, tu num sabe o que ele me disse"
"partiu missão?"
e lá fomos nós, mais ou menos, cada um do seu lado da rua escura, do beco
um beco largo, mas escuro.
construções descontruídas, mesmo inacabadas
ele parou, meu irmão. de sangue mesmo, meu irmão.
comprou uma sacola e um beque. na sacola, 3 tijolos.
parecia carvão, mas devia ser apenas a escuridão
e o medo porque
não tinha onde guardar, não tinha
só tinha meu casaco, não tinha
nem bolso não tinha
era enfiar tudo lá dentro e segurar por fora
paz não tinha
medo só tinha escuridão e medo só tinha
corre corre, desce que eu te encontro só tinha
os becos com escadas desconstruídas
parecia até santa tereza
parecia até o fim do mundo
eu fui descendo sem olhar pra trás e a cada esquina
só tinha preto só tinha
receio, escuridão, praça, escada, só tinha
e eu voava
eu voei pelas escadas sério
parecia um daqueles vampiros de rpg
a diferença é que eu tava de chinelo
tinha musgo
isso, musgo nas escadas
e eu escorregava
mas não caía
não tinha equilíbrio
só tinha medo
e eu não caía

eu cheguei na festa e a guarda municipal só tinha
mulher fardada
gritei, berrei, pavor e medo só tinha
silêncio dentro de mim
estardalhaço, música música, gente gente gente
voltei pra mesma festa, pensei
vou me esquivar dessas fardadas, pensei
passei
cheguei no andar de baixo só tinha
preto favelado só tinha
até o teto era baixo
tudo de madeira, parecia até que dava medo, mas segurei
fui subir uma escada
que tinha
buraco
que pegaram meu pé
voltei e perguntei
qual que é?
"mas como fede esse teu pé"
ah, olha minha ofegância
não ve que corri, que fugi, só tinha medo, só tinha
fiquei com raiva
briguei
vai te fuder
falei
ele riu, três chegou
me apaupou na cintura
vai sentir meus tijolos, pensei
tudo em vão, choraminguei
mas quando voltou o pavor
acordei

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